O Dry Martini
Por Paulo Avelino Jacovos*
Discreto, é
talvez, a melhor descrição deste que é
considerado como o "Rei dos Cocktails".
DRY MARTINI, é magia, imaginação e
perfeição. Gin e Vermouth seco, o que haveria
de especial em tanta simplicidade? Comecemos
então, pela história, e são muitas as
versões. Eu contarei a minha história favorita:
"Era início do século. Nova York
prosperava alegre, bonita e fervilhando de bares,
cafés, hotéis e restaurantes. Mas, havia um que
o maior magnata da época elegeu para seu Happy
Hour, depois de mais um dia duro de trabalho.
Estamos falando do milionário John Delano
Rockfeller Junior, o homem mais rico e poderoso
dos Estados Unidos, daqueles tempos. Genial e com
tino comercial que o fazia ser admirado até
mesmo por seus maiores inimigos. Do outro lado havia um
barman de pouca aparência, alegre, simpático e
acima de tudo determinado em sua arte.
Descendente de mexicanos, seus pais eram
imigrantes fugidos da miséria de seu país.
Martinez "O grande", como era
denominado pelos seus amigos, apesar de toda sua
fragilidade física e baixa estatura era muito
inteligente, rápido e perspicaz. O encontro
seria inevitável, Rockfeller, costumava aparecer
no bar do hotel Knickbocker sempre nos finais de
tarde, onde tranquilamente terminava a leitura de
seu "Wall Street Journal". Martinez,
recém contratado para ser o Barman ouvira o
Maitre falando que vez ou outra aparecia por lá,
o homem mais rico do mundo. Claro, havia um certo
exagero por parte do Maitre, sabia Martinez, mas
ele estava ansioso e curioso para conhecê-lo.
Certa tarde,
estava Martinez em seu bar, preparando-se para
mais uma noite de trabalho, quando entra um
senhor sisudo, meia idade, com certa expressão
de preocupado e com cara de poucos amigos. Jornal
de baixo do braço, sentou-se, abriu o seu jornal
e lentamente começou a ler.
O simpático
Martinez, avidamente foi ao seu encontro
prontamente, como todo profissional deve
fazê-lo, ofereceu um drinque ao cisudo senhor,
como que para tentar quebrar o gelo que pairava
no ar. Rockefeller então com sua expressão
penetrante, baixou o jornal, mediu Martinez de
cima para baixo, hesitou por instante e em
seguida, como se fosse um desafio, por Ter sido
interrompido, quem sabe talvez, justamente no
momento que descobrira alguma fórmula para
ganhar mais alguns milhares de dólares e
respondeu: " - Sim" , que gostaria de
beber algo jamais experimentado por outra pessoa.
Martinez, gelou por um momento, mais rapidamente
recobrando toda sua altivez e novamente colocando
seu ágil cérebro para pensar, encheu-se de brio
e como por telepatia sentiu que estava sendo
desafiado. Dentro de si buscou forças e pensou:
"- Eu sou Martinez -" " O
Grande", minha bisavó foi criada de Simon
bolivar, o Libertador das Américas, o meu tio
avô lutou ao lado do exército de Zapata, o
heróico guerrilheiro mexicano, não posso ser
desafiado desta maneira, sem responder." E
voltando para a realidade do momento, disse:
"Mas que homem seco". Para drinques
secos nada melhor que Gin. Verteu então uma dose
de London Dry Gin em um copo misturador com gelo,
e sem que Rockefeller percebesse derrubou uma
algumas gotas de Vermouth Dry francês
"Noilly prat", na mistura. Como foram
apenas gotas, o milionário que acompanhava a
performance do Barman à distância, não
percebeu o truque do Vermouth. Misturou
rapidamente os ingredientes e despejou a bebida
em uma taça de haste fina e bordas delicadas,
previamente gelada e para dar um toque final
torceu sobre a bebida um "Twist" de
limão, como se fosse um raro perfume, encheu-se
de coragem e ofereceu-o à Rockefeller.
O sisudo
milionário, sorveu um gole da bebida. Sentiu a
princípio toda uma secura em sua boca que seria
inundada por sabores os mais diversos e
incríveis, jamais por ele sentido em uma bebida.
Como num espasmo de encanto e admiração,
Rockfeller, já menos sisudo, voltou-se para
Martinez e disse-lhe: "- Very dry, very dry
Martini", com toda sua dificuldade de Anglo
Saxão em pronunciar o nome de origem latina
correto de Martinez. Desde então, o poderoso
milionário e o fabuloso barman, tornaram-se
grandes amigos e rea criado o "Rei dos
Cocktails" o DRY MARTINI, que recebeu o seu
nome, uma justa homenagem ao "GRANDE
MARTINEZ".
|
*(Gerente de
Alimentos e Bebidas do Grand Hotel Rayon,
Vice-Presidente da Associação Paranaense de
Barman, Campeão Brasileiro de Coquetelaria) |
Voltar
ao início
A Caipirinha
Por Sérgio Bento**
Limão, açúcar,
gelo, cachaça...limão, açúcar, gelo,
vodka...limão, açúcar, gelo, run...limão,
açucar, gelo Steinhaeger. Caipirinha,
Caipiroska, Caipiríssima, Caipinhaeger ??? Hoje
temos Quatro tipos. Mas, qual a melhor opção ?
Enquanto alguns discutem, outros bebem. - Todas
Cocktail de corpo
e alma brasileiríssimo e com muito sotaque
estrangeiro, "Caipiriinha" como dizem
nossos visitantes.
Depois de muitos
anos da invasão dos Escoceses, Russos, Cubanos,
nossa cachaça, pinga, aguardente, branquinha,
malvada, amansa corno, etc. ..., está cada vez
mais popular. Há pessoas que pedem sua
preferência e sentem - se orgulhosas em não
mais precisar sussurrar aos Barmens quando chegam
a um lugar mais sofisticado:
Caipirinha De
Cachaça ?? Of course !
Nossos bares fazem
questão de destacar em suas prateleiras seus
melhores exemplares e exibir em lugar de honra em
seu cardápio a "CAIPIRINHA".
Mas, ao contrário
do que imaginamos a aguardente não é nossa
primeira bebida aqui fabricada, nem tão pouco
foi criada por nós, pois já se produzia
aguardente de cana nas Ilhas Portuguesas.
Como fazemos
atualmente é um pouco diferente de quando em
1533, nosso Governador Geral mandou vir da Ilha
da Madeira mudas de cana de açúcar para o
Brasil. Como conseqüência, a produção de
açúcar tornou-se um dos principais produtos de
exportação da colônia Portuguesa. Surgia
então, a fabricação de "água
ardente", como diziam nossos colonizadores.
Esse destilado era produzido com sobras de borra,
obtido durante o processo usado na fabricação
do açúcar.
Quando Cabral
aportou com sua esquadra, nossos habitantes já
conheciam bebidas fermentadas. Preparavam- nas da
batata - doce, do milho e principalmente da
mandioca, esta última era batizada de
"Cauim".
Nossos brasileiros
tinham por hábito tomar suas bebidas sempre
aquecidas.
Com o aumento da
produção acucareira, espalhando engenhos de
cana - de açúcar pelo Nordeste e a importação
de mão-de-obra escrava para lavoura, acabaram
também por aumentar a produção da aguardente,
que leva nomes e apelidos diferentes nas diversas
regiões do Brasil.
Amaldiçoada e
desprezada pelos ricos, acabou tornando-se por
muito tempo apenas uma bebida popular.
Foi somente nas
primeiras décadas deste século que ela seria
usada como principal ingrediente de um remédio
para curar resfriados, criado pelos caipiras ,
como ficaram conhecidas no interior de São
Paulo. A mistura a princípio feita com cachaça,
limão, mel e alho, acabou tornando-se uma bebida
muito conhecida que passou de remédio para
cocktail, mudando-se o mel para o açúcar,
retirando-se o alho e acrescentando-se o gelo,
mantendo o limão macerado e a cachaça.
Bebida de sabor
ácido, aroma cítrico e paladar agradável, a
Caipirinha acabou entrando em 1997, para o
seletíssimo grupo de 62 cocktails da I.B.A (
International Bartender's Association ),
tornando-se assim conhecida em mais de 50 países
em todo mundo. Com certeza dentro em breve se
tornará um dos cocktails mais pedidos e
consumidos nos principais bares e restaurantes do
mundo.
CAIPIRINHA.
ETA TREM BÃO SÔ!
**ANTONIO SÉRGIO
DA SILVA BENTO Gerente da Área de Gastronomia e
Hotelaria do Senac - Pr Presidente da
Associação Paranaense de Barmen.
|
CAIPIRINHA 1 dose (5 cl./ 2 onças) de
cachaça
2 colheres de bar
de açúcar
1/2 limão
Montar em um copo
Old Fashioned, Colocando o açúcar e limão
cortado Em fatias finas sem o miolo. Pressione o
limão e o açúcar com o Amassador, acrescente a
cachaça, O gelo e mexa. Sirva com o mexedor.
|
Voltar ao início
|